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O baterista humorista

Foto: Felipe Godoy

“A alegria evita mil males e prolonga a vida.” Se o que diz a frase, do poeta inglês William Shakespeare, for verdade, Willington Luiz da Silva, auxiliar de serviços, viverá vários anos. Conhecido por muitos no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) pela felicidade e criatividade, Willi é um humorista quase profissional. “Sempre fui um pouco palhaço”, afirma. O pernambucano diz que encontra em seus conterrâneos a inspiração para um dos tantos personagens que representa. “Descobri que imitava bem, em frente ao espelho; fazendo o Batoré.” E este é só um dos papéis feitos por ele. Quando encarna o bêbado e o fanho, por exemplo, arranca risadas de qualquer um que estiver por perto. “Até em plena segunda-feira estou sorrindo à toa”, brinca. Além do bom humor, o colaborador tem outro dom: a música. Desde os 16 anos, toca bateria. “Vi a galera tocando na igreja e gostei. É uma paixão”, lembra. Willi é praticamente autodidata, pois aprendeu as técnicas básicas do instrumento sozinho. Há aproximadamente dois anos comprou uma bateria pra treinar em casa. “Fiz aula durante três meses, mas não consegui conciliar com as minhas demais atividades.” Hoje, toca quando pode. Questionado sobre a visibilidade que geralmente o baterista tem numa banda, diz que realmente o destaque é grande, porém gera responsabilidades. “É o cara que, se errar, todo mundo nota”. Sua canção favorita é Seu Perfume, da banda Quatro por Um. Porém, segundo ele, a música mais difícil que já tocou foi Oh Glória, do compositor e cantor gospel Paulo César Baruk. “Ela tem alguns contratempos que precisam de atenção”, explica o baterista, que sempre dá um show de alegria.

Em quatro cordas

Foto: Felipe Godoy

Foi ao som de Chico Buarque, com a música Minha Canção, que a técnica em enfermagem Elaine Cardoso, de 22 anos, se apresentou no palco do Anfiteatro do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Com movimentos suaves, as cerdas de um arco friccionavam as quatro cordas do violino, dando origem à música que ecoou pelo Instituto durante o Show de Talentos, promovido em comemoração ao Dia da Enfermagem. A relação de Elaine com o instrumento começou na adolescência, aos 16 anos. Na época, arriscou aprender a tocar violão, porém, ficou apenas na tentativa. “Foi uma catástrofe”, lembra, divertindo-se com a própria história. Para apoiar a sobrinha Bruna, de sete anos, entrou junto com ela no Projeto Guri para aprender a tocar violino. Considerado o maior programa sociocultural brasileiro, o Guri oferece, gratuitamente, cursos de iniciação e teoria musical, coral e instrumentos de cordas, madeiras, sopro e percussão. Algum tempo depois, se apaixonou por outro instrumento: o violoncelo. Foi aí que Elaine se encontrou. “Há poucas diferenças entre os dois instrumentos. O que muda, mesmo, é a posição e o som. O violino é muito agudo enquanto o violoncelo é mais grave”, explica. “Porém, os dois juntos criam um som harmonioso.” Harmonia esta vista quando subia ao palco com a sobrinha. “Nos comunicávamos por olhar. O violino fazia a pergun- ta e o violoncelo respondia”, diz. Aos 18 anos, Elaine decidiu sair do projeto para trabalhar e estudar. Uma escolha difícil, que mexeu com ela e com seus companheiros. Foram mais de cinco anos sem tocar os dois instrumentos. Mas a emoção das apresentações foi despertada novamente na apresentação no Icesp. “E com o mesmo frio na barriga”, afirma.

Sobre duas rodas

Foto: Felipe Godoy

Entre as peraltices de menino no interior do Paraná, Anísio Baldessin jamais imaginou que assumiria, no futuro, um importante papel na vida de diversas pessoas. Mas aos 16 anos, começou a pensar seriamente em entregar a vida ao sacerdócio e aos 18, sentindo-se mais maduro, entrou no Seminário São Camilo, onde teve o seu primeiro contato com a capelania hospitalar – serviço de assistência espiritual.

Em 1987, o seminarista veio para São Paulo, para estudar filosofia e teologia. Aqui, teve a oportunidade de conhecer o trabalho de auxilio religioso oferecido pelo Hospital das Clínicas, como parte do estágio pastoral que precisava cumprir. De início, ia ao hospital uma vez por semana. Gradualmente, a frequência das visitas aumentou e tornou-se quase diária. Já familiarizado e ordenado como padre, em 1992, assumiu a coordenação dos serviços de apoio espiritual do HC.

Desde a fundação do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o capelão Anísio presta assistência àqueles que circulam pelo Instituto. São mais de três anos oferecendo ombro amigo, afeto e conselhos a profissionais, pacientes e familiares. “A recepção do trabalho é muito legal. Sou respeitado, acolhido. A partir do momento em que se trata a pessoa como pessoa, deixando de lado a religião, você é tratado com muito carinho”, afirma. Em seus momentos de lazer, gosta de ficar juntos com os amigos, jogando um bom papo fora. Como o sobrenome denuncia, é descendente de italiano e palmeirense de coração. De vez em quando, vai ao estádio torcer pelo time. E acredite: o capelão vem para o ICESP de motocicleta. Sobre duas rodas traz, sempre que necessário, palavras de amor para quem precisa.

Palavras de paz

Foto: Felipe Godoy

João Domingos Alves Filho cresceu em meio ao evangelho. De família de protestantes, ia aos cultos com frequencia, mas não tinha o desejo de tornar-se pastor. Naturalmente, entretanto, seus planos mudaram. Aos 13 anos já ministrava encontros em sua igreja. Para dar continuação ao trabalho de propagação da mensagem pregada por Jesus Cristo, decidiu estudar. Formou-se em Teologia, ciência que se ocupa de Deus e de suas relações com o universo e o homem.

Em abril de 1990, um novo desafio surgiu na vida do, então, pastor Domingos: auxiliar no trabalho de auxílio espiritual no complexo do Hospital das Clínicas, serviço oferecido pela instituição desde a sua fundação. “Nunca fui de falar alto. Ao contrário de outros pregadores sempre preferi ouvir”, afirma o, agora, capelão. Nestes 21 anos de capelania, como se denomina este tipo de assistência, Domingos viu, ouviu e vivenciou várias histórias. Sempre reforçou aos pacientes a importância de seguir as orientações clínicas. “Os tratamentos espiritual e médico devem caminhar juntos.”

No Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o capelão segue com a sua missão de levar conforto àqueles que desejam o amparo espiritual, seja nos leitos, salas de espera ou ambientes administrativos. Além disso, quinzenalmente, celebra cultos abertos. Fora do universo hospitalar, Domingos presta apoio em cemitérios, nos fins de semana. Exercícios delicados, que exigem tato e amor. “Muitos pacientes, após uma conversa, melhoram sua postura diante da doença e ao tratamento”, explica Domingos. “Na realidade, na maioria das vezes, eles só querem alguém que os ouça”, completa.

Passos do coração

Foto: Felipe Godoy

Os movimentos serpenteados aliados à música atraem a atenção. De origem nebulosa, a dança do ventre é tradicionalmente praticada em países do Oriente Médio e da Ásia Meridional. Com as invasões árabes à Europa Medieval, conquistou fãs em todo o planeta. Carolina Vieira Pastana, enfermeira, também faz parte do clube dos apaixonados pela dança. Por volta dos 15 anos decidiu entrar em uma escola de dança em Marília, cidade onde morava. O gosto pelo estilo, juntamente com o sucesso da novela O Clone – que tinha como temática o universo árabe, incluindo a dança do ventre –, a incentivou estudar.

As aulas começavam com os alongamentos. Em seguida, a professora passava os passos novos, que eram copiados e treinados pelas alunas. No fim, tinham a liberdade para criar novos movimentos. Todo final de ano, o grupo se apresentava no Teatro Municipal da cidade. Eram vários meses de ensaios árduos, recompensados com os aplausos da plateia. Carolina participou de três apresentações dessas, mas depois disso ficou sete anos sem dançar. Quando abriram as inscrições para o Show de Talentos, evento organizado pela Equipe de Enfermagem do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), hesitou. Receosa, mas com o incentivo dos companheiros de trabalho, aceitou o desafio e dançou no evento do Instituto. O nervosismo lembrou as apresentações da adolescência, com uma diferença: estava sozinha no palco. Mas, assim como no passado, as palmas deixaram a colaboradora tranquila. O sorriso de menina deu lugar à sensualidade que a dança exige. “É relaxante. No começo sentia que precisava seguir regras, mas com o tempo, aprendi seguir a batida da música e criar”, diverte-se.

Re.ti.cên.cias (…)

 

“Pra falar a verdade, às vezes minto.
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto.”

A reticência é muito mais do que um sinal de pontuação, é uma forma de expressão. Ela pode exprimir nossos sentimentos mais intrínsecos, muitas vezes desconhecidos. É a saída para quando suas respostas não são encontradas no Google ou nos livros – em qualquer livro. Ou quando a alegria está além dos seus relacionamentos no Facebook. Pode ser a maneira de expressar o saber e o não saber, a dúvida, o medo, a certeza, a fé dissolvida, os sentimentos ocultos. É a solução para quando os versos da banda híbrida que você curte não são suficientes para exteriorizar o seu infinito interno. Quando as verdades das letras do Cazuza são pequenas ante a sua verdade. Quando a confiança se esvai como a água encontra o ralo durante o banho. A reticência pode ser a forma de você dizer o que quer dizer; o que pode, mas não quer; o que não pode, mas gostaria; o que lhe incomoda, mas está oculto; a verdade que não pode ser dita; ou a verdade que virou mentira. É o silêncio voluntário. É usada quando o branco ou o preto que tinge a sua vida torna-se cinza. É a resolução para quando os textos da madrugada não vêm ou o computador esquece de salvá-los. Para suas discordâncias com o Acordo Ortográfico ou com amigos e familiares. É muito além de sua definição gramatical e aquém do que acreditamos ser. É a resposta para tudo. Ou quase tudo…

Na hora de ler

Seja para preparação de relatórios, de tra­balhos acadêmicos ou por lazer, a leitura está na rotina da maioria das pessoas. En­tretanto, é necessário atentar-se a alguns cuidados. Um hábito que ajuda a evitar problemas, por exemplo, é ler em am­bientes claros, de preferência com luz na­tural. Caso o único tempo que você tenha disponível para a literatura seja à noite, indica-se que a luz incida pelo lado con­tralateral à mão que escreve, à distância de, aproximadamente, 50 centímetros. Caso você siga a recomendação, uma lâmpada de 60 watts é ideal para iluminar o ambiente de modo adequado. Dê pre­ferência às luzes incandescentes, simila­res à claridade solar. Confira outras dicas:

Pátria Amada

Foto: Felipe Godoy

Entre 1975 e 2002, Angola, localizado no continente africano, vivenciou uma guerra civil. Oficialmente, o conflito encerrou-se com a morte do político e guerrilheiro Jonas Savimbi. Mais de meio milhão de pessoas morreram. Foi em 2000, durante o combate, que o enfermeiro Elalio Inacio, na época com 16 anos, veio para o Brasil. “Eles estavam recrutando jovens para a guerra e, como os meus tios moravam no Brasil, me convidaram para vir pra cá”, explica. O jovem encontrou, aqui, o lugar ideal para estudar. Entrou em um colégio interno, no Rio Grande do Sul, onde cursou o ensino médio e o técnico de enfermagem. Na escola, participava de apresentações, cantando. Por isso, quando abriram as inscrições para o Show de Talentos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), evento organizado em comemoração ao Dia da Enfermagem (12 de maio), não hesitou: convidou a irmã, Weza, para cantar com ele. A música gospel faz parte do repertório do enfermeiro, que é evangélico. A canção apresentada no Instituto foi escrita por Weza, que também toca violão. A letra tem como temática o fim dos tempos, período em que, de acordo com a Bíblia, o amor de muitos acabaria.

Elalio fazia parte do coral da igreja, mas, por causa da falta de tempo, precisou sair do grupo. Hoje, ensaia em casa, com a irmã. Ele confessa que não sentiu dificuldades ao chegar ao Brasil. “O fato de a língua ser a mesma e a alimentação parecida me ajudou muito.” Em outubro, viajará com esposa à Angola, porém, por enquanto, não tem planos de voltar ao país de origem. Mas tem saudade: “sinto falta da praia, do calor – diferente do daqui – e dos amigos”. Amigos com os quais ele costumava jogar basquete nas ruas da capital Luanda.

Jardim Romano ganha festa junina

Fotos: Felipe Godoy

Carlos diante das barracas que montou para a Festa Junina do Jd. Romano.

Os estabelecimentos comerciais do Jardim Romano, bairro localizado no extremo leste da capital paulista, foram os locais escolhidos para a fixação dos convites. “Estaremos realizando um maravilhosa Festa Junina, venha se divertir de montão com seus amigos”, diz o escrito nos cartazes.

A ideia da festa surgiu de Carlos Barros da Silva, presidente do Grupo de Escoteiros Nova Aliança, que atua na região e no município de Itaquaquecetuba, próximo ao bairro. “Quis fazer alguma coisa e lancei a ideia. Daí as pessoas começaram a me procurar querendo montar barraca e ajudar”, afirma. E Carlos não fica apenas na organização, pelo contrário, o escoteiro de 58 anos põe a mão na massa. Quando foi procurado pela nossa reportagem estava montando as barracas para a festa, que aconteceu no último sábado (25/6), na rua Capachós. A via ficou conhecida por se tornar o símbolo da destruição causada pelas enchentes no bairro, entre dezembro de 2009 e março de 2010.

Carlos é pernambucano e desde os 12 anos escoteiro. “Devo muito ao escotismo”, afirma. Aposentado – “por tempo de serviço”, frisa –, organizou a festa junina no Jardim Romano com o objetivo de atrair a criançada e unir a comunidade. A busca pelo bem comum é algo que corre nas veias de Carlos. Há 25 anos sob o comando do Nova Aliança, já realizou diversas atividades culturais, educacionais e de lazer, muitas delas exibidas em um painel, alocado em um pequeno escritório. Além disso, ostenta as pastas em que guarda recortes de jornais e certificados de vários cursos. Questionado sobre sua história de vida, confessa: “minha história é grande. Inclusive, estou até escrevendo um livro sobre ela”.

O escotismo foi criado na Inglaterra, em 1907, por Robert Baden-Powell. O objetivo do movimento é desenvolver no jovem valores essenciais para o seu crescimento e para a sociedade como a fraternidade, a lealdade, o altruísmo, a responsabilidade, o respeito e a disciplina. “Levamos cidadania e valores que irão acompanhá-los em toda sua vida.” Já são mais de 28 milhões de escoteiros associados em todo planeta. Carlos já perdeu as contas de quantos desses jovens passaram por suas mãos. “Só no Parque Ecológico de Itaquá foram mais de 500. Atualmente são uns 30”, tenta calcular. “Não ensinamos com o giz. Nosso método é o de aprender na prática”, explica. De acordo com ele, o trabalho é realizado tendo como base o tripé físico, mental e espiritual. “Nosso objetivo principal é formar uma grande família.”

No currículo de Carlos está gravado a luta por muitas causas sociais. Uma delas é o movimento Pró-estação Jardim Romano, que por muitos anos buscou a construção de uma parada ferroviária no bairro. “Dê uma olhada neste jornal (datado de setembro de 1987), veja quanto tempo lutamos por isso”. A estação foi inaugurada em 2008. No horizonte de Carlos ainda tem vários projetos a serem concretizados, como o campeonato de pipas. “Utilizamos os jogos para melhorar o rendimento escolar do jovem”.

As bandeirolas, os brinquedos, as barracas com comidas típicas, a quadrilha, entre outros elementos que fizeram parte dos festejos juninos no Jardim Romano, são conquistas de Carlos para toda comunidade. O que mostra que ele segue à risca o lema “Sempre Alerta” dos escoteiros, que representa a necessidade de você estar constantemente pronto para cumprir com o seu dever: ajudar. “O que me tornou um cidadão ativo foi o escotismo”, conclui.

Moradores auxiliam na organização da festa.

Veja essa reportagem e fotos da festa junina do Jardim Romano nos portais de notícias São Miguel Paulista e Itaim Paulista.

O carrossel da vida


A telenovela mexicana Carrossel marcou a infância de muitos, hoje, jovens adultos. Albany Breda Gomes, enfermeira, guarda boas recordações da obra, mas também tem lembranças não tão alegres. Uma das personagens da produção, a pequena Laura, ficou marcada pelas suas formas físicas. Ela era uma gordinha que sempre estava comendo e era hostilizada pelos colegas por isso. Sempre que Laura sentava, os colegas levantavam da cadeira. Uma referência ao peso da menina. Como Albany também era gordinha, inspirados na novela, os amigos de escola faziam o mesmo.

Para driblar o bullying, a enfermeira fazia o papel da divertida da turma, a prestativa. “Eu jogava vôlei no time da escola. Mas nunca passei nos testes físicos. Entretanto, me empenhava na técnica e, assim, permanecia na equipe”, lembra. Aos 22 anos, já formada, tomou uma importante decisão: emagrecer. O caminho escolhido foi a cirurgia de redução de estômago. O pós-operatório não foi fácil. Gradativamente, Albany sentiu a diferença. Do manequim 54, com 120 Kg, passou a vestir 42, com 48 Kg a menos. Ela lembra quando recebeu o primeiro elogio na vida, ao passar por uma obra. “Cheguei ao consultório me achando”, comenta, sorrindo. Dois anos depois da cirurgia, aconteceu um encontro com os amigos do colégio. “Uns 70% deles não me reconheceu. Alguns rapazes, que antes não me davam atenção, me chamaram para sair.” Sua história de superação atraiu a atenção até da imprensa. Em 2009, a revista Dieta Já a convidou para uma entrevista. “Foi a primeira vez que me selecionaram pela aparência”, afirma. “Muitas vezes, a gente se coloca no papel de vítima, deixando tudo nublado. Hoje, minha vida não é um mar de rosas, mas posso compará-la a um arco-íris.”

“De samba pra gente sambar”.

Foi na Grécia, em meados dos anos 600 a 520 a.C., que surgiu o carnaval. A festa, que no início era uma celebração de agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela colheita, ao longo do tempo, recebeu influências de diversas culturas, até chegar ao modelo conhecido hoje, no Brasil. Sejam nos blocos de rua, tradicionais no norte e interior do País, ou nos desfiles das Escolas de Samba, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a festa aflora sensações únicas em quem participa. Para Andressa Rocha, assistente social, é assim: o carnaval é pura emoção.

“Gosto muito do carnaval!”. A expressão é simples, mas a intensidade em que é enunciada é notável e cativante. O samba sempre esteve presente na vida de Andressa. Seus pais desfilavam na Rosas de Ouro e seu irmão é integrante da bateria dos Acadêmicos do Tucuruvi. Como não podia deixar de ser, naturalmente, a paixão pela dança surgiu. Desde 1995, não perde um desfile das escolas de samba paulistas. E não é do sofá de casa que ela assiste. Todo ano a assistente social é presença certa no sambódromo do Anhembi. “Só um ano eu viajei para praia e, para piorar, a tevê quebrou. Nem deu para assistir”, lamenta.

Corintiana roxa, considera a Gaviões da Fiel a escola do coração. Mas como o amor pelo samba é maior do que pelo time, não tem preconceito e visita a quadra de outras comunidades. Neste ano, pela primeira vez, desfilou no grupo especial de São Paulo, pela Gaviões. O tema do samba enredo foi a cidade de Dubai. A ligação de Andressa com o samba é tão intensa que ela chora do começo ao fim do desfile, independente da escola. “A energia do carnaval é única, inesquecível.”

Mens sana in corpore sano

A citação, em latim, do poeta romano Juvenal sintetiza a filosofia do atletismo: mente sã num corpo sadio. Corrida, lançamentos e saltos são as três modalidades que compõe o esporte. Sandra Nitta, gerente de Tecnologia da Informação, desde 2001 pratica a corrida. A frase do poeta se enquadra perfeitamente a ela. Quando começou a exercitar o esporte, Sandra pesava 120 quilos. Sessenta a mais do que hoje. E a decisão de mudar partiu da consciência. “Minha vida era baseada em pacotes. Um pacote de bolacha, uma garrafa de refrigerante. Precisava mudar meus hábitos”, recorda. E conseguiu alcançar seu objetivo, hoje tem uma vida regrada, com alimentação balanceada e exercícios diários. “Mais difícil do que fazer é incluir isso na rotina.”

No penúltimo fim de semana, Sandra completou sua corrida 98. Em uma planilha de Excel, metodicamente, registra todos os treinos e quilômetros percorridos, além de separar fotos em pastas datadas e numeradas em seu pen drive. Várias são as competições de que já participou, entre as principais estão a São Silvestre, a Volta Internacional da Pampulha e, a mais marcante, a Maratona da Disney (foto). “Em 2012, participarei do Desafio do Pateta, correrei 21 km no sábado e 42 no domingo”. Haja fôlego! Mas isso ela tem. “Nesse ano, vou correr a Maratona de Curitiba. São 42 km. Será a minha prova de fogo”, diz, cheia de expectativas. Sandra tem o apoio de uma assessoria, contando com uma nutricionista e um educador físico.

“É um lazer, um esporte, mas é sério.” Algo que valoriza na corrida são os relacionamentos criados. “Embora pareça um esporte individual, abre um leque de convivência”, conta. E deixa a dica: “é preciso atrelar a mudança a um objetivo de vida. Aceitar que aquilo é benéfico para você”.

Notas que correm nas veias


Frequentemente, por volta das 13h, quem cruza a recepção principal do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), no térreo, pode ouvir o som do piano ecoar. A responsável por isto é Clarinquetis Vieira, técnica de enfermagem, que sempre dedica à musica uma parte de seu horário de almoço. A pianista, entretanto, não é pianista. Não se assuste com o paradoxo, isso acontece porque o piano é apenas um dos instrumentos tocados por ela. Na realidade, Clarinquetis é organista, ou seja, toca órgão, além de teclado e violão – e do sonho em aprender a manejar o violino. O órgão é um instrumento muito parecido com o piano e com o teclado, mas o som é produzido pela passagem do vento (ar comprimido) por tubos de metal e madeira.

A paixão pela música motivou a jovem de olhos verdes a estudar o instrumento, aos 12 anos, junto com a irmã. “O professor ficou admirado com a agilidade com que eu aprendia”, afirma. E era de se admirar: ela dedicava de quatro a cinco horas do seu dia estudando. Isso sem deixar de lado as atividades domésticas e o colégio. Mas confessa que não foi fácil: “no começo, é como não saber ler nem escrever”, compara.

Assim que terminou o curso, participou de um teste para tocar na igreja. Resultado: passou e começou a tocar no grupo de jovens, aos 14 anos. Hoje, Clarinquetis pode tocar em cultos oficiais em qualquer templo de sua igreja no planeta. A jovem não é a única na família que possui o dom da música. Um dos seus irmãos toca violoncelo, outro, trombone, e o pai, clarinete. Uma orquestra familiar, que pode ser vista se apresentando na igreja para mais de 500 pessoas. O repertório é formado por músicas do hinário. “Às vezes, quando estou tocando aqui, outros evangélicos se aproximam e até pedem para tocar algum hino. É muito gratificante para mim”, ressalta.

Seu cartão de visita


Há quem diga que uma boa aparência é o cartão de visita de qualquer um. Ter um bom visual não é sinônimo de beleza, mas de cuidado. Roupas limpas e alinhadas, postura e modo ao andar, linguajar adequado, cabelos penteados, higiene, perfumes discretos, acessórios adequados e, no caso dos homens, a barba bem feita ou aparada são elementos que fazem toda diferença. Outra dica importante é nunca exagerar: mulheres devem evitar abuso no comprimento da saia e do decote, excesso de maquiagem, saltos muito altos e adornos extravagantes ou em excesso. No caso dos homens, é preciso atentar-se ao excesso em acessórios e no alinhamento das roupas. Para aqueles que precisam vestir-se com roupa social, a boa escolha da gravata é importante.

Ensinando a viver


Quem observa os longos cabelos de Jocastra Oliveira,  do Serviço Social do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), não imagina que há pouco tempo a jovem precisou cortá-los. Aos 16 anos, descobriu-se portadora de hidrocefalia, doença que gera o acúmulo de líquido no crânio, podendo causar lesões cerebrais. A enfermidade é comumente diagnosticada na gestação ou no início da infância. Mas, no caso da moça de sorriso tímido, foi detectada na adolescência. Não se sabe o porquê, porém o mais provável é que uma queda tenha causado o problema. Um caso raro.

Após conviver por algum tempo com dores de cabeça, ela decidiu procurar um neurologista – que, ao receber os resultados dos exames, solicitou internação imediata. Foram 40 dias no hospital, aguardando a cirurgia, realizada em dezembro de 2005. Antes disso, precisou tomar uma difícil decisão: raspar os cabelos. A resistência inicial deu lugar à luta pela vida. Precisou também abandonar o colégio. “Mas não tive problemas, pois já tinha passado de ano”, recorda, com orgulho.

Jocastra diz que não sofreu bullying ao voltar à escola, talvez por causa do estilo rock’roll que adotou. Para driblar a careca, usava lenços e bonés. E curtiu as fases do cabelo: curto, arrepiado, chanel. “Até de vermelho pintei”. O tratamento, no início, árduo e semanal; com o tempo amenizou-se. Até hoje ela convive com a hidrocefalia, sentindo um pouco de dor na válvula implantada para drenar o líquido cerebral, principalmente no frio. Pouca coisa mudou em sua vida. Lamenta por não poder mais jogar futebol e praticar ginástica olímpica, esportes que disputava em torneios intercolegiais. Porém, destaca como a força pode nos levar a vencer grandes competições, na vida: “não vivo para doença, vivo com ela”.

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