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Assada, frita, bem-passada, mal-passada, à role, bife, grelhada… A carne está no cardápio da maioria da população mundial e, independentemente da maneira como é preparada, são poucos os que resistem ao aroma convidativo do alimento. Entretanto, o seu consumo excessivo é um dos principais responsáveis pelo aumento do colesterol no organismo, gerando diversas doenças cardíacas. Porém, a saúde humana não é a única afetada pelo consumo da carne. O planeta também é muito atingido.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a criação de gado é responsável por 18% do total das emissões de gases que causam o efeito estufa. O setor gera mais gases do que o transporte (13%), polui águas e desmata enormes áreas para pastagem. No Brasil, a situação é dramática: a pecuária é responsável por 50% da emissão de gases e 70% do desmatamento da Floresta Amazônica.
Segundo relatório elaborado pelos professores Tony McMichael, da Universidade Nacional da Austrália, e John Powles, da Universidade de Cambridge, o consumo diário de carne em países em desenvolvimento é de 47 gramas por dia. Nas nações desenvolvidas esse número salta para 224. Os especialistas afirmam que a média mundial por habitante de 101 gramas de carne consumida diariamente deveria se limitar à 90.
Para se ter uma ideia, para produzir meio quilo de carne, é necessário cinquenta vezes mais água do que seria utilizado no cultivo de meio quilo de trigo. Nos Estados Unidos, esta indústria é a principal responsável pela poluição das águas. Anualmente, cerca de 200 km² de florestas tropicais são destruídos para criação de animais. Para produzir um simples hambúrguer, utiliza-se uma quantidade de combustível fóssil capaz de fazer um carro pequeno rodar 33 km e água suficiente para 17 banhos.
Para Rajendra Pachauri, Nobel da Paz e cientista da ONU e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as pessoas deveriam comer menos carne para evitar o aquecimento do planeta. Já o ex-Beatle Paul McCarthey é a favor de uma dieta vegetariana e fez um apelo para que a população deixasse de comer carne uma vez por semana. “Produzir um hambúrguer consome a mesma quantidade de água que um banho de quatro horas”, afirmou o músico na conferência “Less Meat = Less Heat” (“menos carne = menos calor”, em tradução livre), em 2009. Algumas cidades, como Gent (Bélgica) e Baltimore (Estados Unidos), já adotaram a iniciativa e não servem carne nos refeitórios escolares uma vez por semana.
A mudança de hábitos na alimentação podem ajudar o planeta. Não é necessário ser extremista e eliminar a carne do menu, o importante é saber o caminho que o alimento fez até chegar em sua mesa. Pesquise se o produto comprado tem procedência sustentável, se respeita a natureza e o trabalho humano. Coma mais alimentos orgânicos que, apesar de serem mais caros, são cultivados com os cuidados necessários ao planeta. Alimente-se bem, porém moderadamente, e cuide não apenas do seu coração, mas também do “coração” da Terra.