Archive for janeiro, 2011

Icesp cria ‘cardápio’ contra o câncer

Morguefile

O consumo de alimentos com variedade, qualidade e quantidade adequadas é um dos principais fatores na prevenção do câncer. Por isso, o setor de Nutrição e Dietética do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP, preparou uma lista com alguns alimentos que auxiliam na prevenção contra a doença (veja tabela abaixo).

Algumas substâncias como o Ômega 3, encontrado em peixes, e os polifenóis, presentes na maçã, diminuem a formação de compostos inflamatórios, o envelhecimento celular e, consequentemente, a proliferação de células tumorais. Já as fibras solúveis, presentes em alimentos como brócolis, couve manteiga e couve-flor, inibem a formação tumoral, diminuindo a possibilidade de mutações genéticas.

Os hábitos diários também podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer. O sedentarismo, por exemplo, é um fator negativo para as pessoas que buscam qualidade de vida.  A prática de atividade física diminui a resistência à insulina, tornando menor o risco de câncer colorretal, por exemplo. A obesidade também merece atenção. A ingestão alimentar excessiva leva a um aumento de peso, que causa regulação prejudicada da glicemia e hiperinsulinemia e, como consequencia, aumenta o risco do surgimento de tumor no pâncreas, fígado e rins. Outro efeito da obesidade em longo prazo é a Diabetes, que está relacionada com o desenvolvimento de câncer de fígado, endométrio, cervical e mamário.

Na contramão deste consumo saudável, há os alimentos que potencializam o desenvolvimento de um câncer e que devem ser evitados ou, então, consumidos com moderação, já que são ricos em gordura saturada. Bons exemplos são os de origem animal (carne vermelha, leite integral e derivados e bacon), que podem causar inflamação e alteração dos níveis de hormônios no sangue. A inflamação e o excesso de açúcar no sangue levam à intoxicação das células, o que favorece o desenvolvimento de tumores.

“Não podemos reduzir os alimentos a duas grandes listas: ‘heróis’ e ‘vilões’ da alimentação. Os principais erros em nossos hábitos alimentares não estão relacionados, exclusivamente, a ‘o quê’ comemos, mas também ao ‘quanto’ e ‘com que frequência’ nós consumimos alguns alimentos”, esclarece Suzana Camacho Lima, gerente de Nutrição do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

Confira alguns alimentos que possuem propriedades funcionais que contribuem na prevenção do câncer:

Minha São Paulo

Hoje, minha cidade faz aniversário. É uma jovem senhora, de apenas 457 anos, que se divide entre o antigo e o moderno. Em seu centro, nesse mesmo dia em 1554, era celebrada uma missa na pequena palhoça construída por padres Jesuítas. O início de uma história. É a antiga Vila de Piratininga, de Nóbrega e Anchieta. A outrora tribo dos irmãos Tibiriçá e Piquerobi. É a terra que abriga as margens do riacho, hoje destruído pelo homem, em que um príncipe declarou, mesmo com dor de barriga e cavalgando em uma mula, a independência de um país. Episódio que levou um de seus tantos bairros para os primeiros versos do Hino Nacional. É também a capital de um pequeno fruto, que até ficar maduro passa por uma metamorfose de cores. Verde, vermelho e, claro, preto. O ouro negro: o café. Uma pequena bolinha, que apesar de seu tamanho, foi a grande responsável por tirar uma cidade das páginas amareladas, pouco lidas, dos livros de História do Brasil. Foi a casa de grandes nomes e berço de importantes movimentos. Em seu solo, pela primeira vez uma bola de futebol rolou. Esporte que, em pouco tempo, se tornou uma paixão nacional. É a única cidade que em uma semana, se revoluciona a história da arte de uma nação. É a metrópole imortalizada nos versos dos Andrades e no samba do Adoniran. Foi nela que quatro anônimos – Miragaia, Martins, Drausio e Camargo – morreram em uma praça; dando início à uma revolução. Não por acaso, um tal de Chateaubriand, escolheu essa terra para primeira exibição de televisão no país. Foi, e ainda é, o abrigo dos migrantes e imigrantes. A cidade das oportunidades, da perspectiva. Das indústrias, do bussines. Um centro cultural, que acolhe cinemas, teatros, livrarias, sebos, e alguns dos principais museus da América Latina. O Masp, o Ipiranga, a Pinacoteca, o da Língua Portuguesa, o MAC, o MAM… É a capital de bairros importantes como Pinheiros, São Miguel Paulista, Luz, Bixiga, Liberdade, Santo Amaro, Sé, Brás. Das igrejas que por meio de sua arquitetura, obras de arte que abrigam, reformas sofridas e fatos que testemunharam contam a história de um povo. Dos trilhos do Metrô e da CPTM, que diariamente suportam o peso de milhares de pessoas. Dos ônibus que cruzam suas ruas. Da Avenida Paulista, dos engravatados; da Vinte e Cinco de Março, dos preços baixos; e dos shoppings centers. Capital da gastronomia. Da pizza, do pastel, da comida oriental, do sanduíche de mortadela. É a “terra da garoa” e, também, das tempestades. É a cidade da diversidade, das tribos urbanas. Dos católicos, evangélicos, islãs, judeus, espíritas, umbandistas, budistas, indus. Do negro, do branco, do amarelo, do vermelho, do mulato. É cosmopolita. Essa é São Paulo, a aniversariante do dia. Meu berço, minha casa, minha história, minha vida.

Parques de São Paulo


Férias escolares. Para quem tem filhos, esse é o período mais intenso e corrido do ano. É criança correndo em casa, pedindo doces, brincando e, claro, querendo passear. Para te ajudar a solucionar o último tópico,  separei como dica os principais parques de diversão de São Paulo. Divirta-se!

  • Hopi Hari

Eleito pela nona vez o melhor parque temático do Brasil pela revista Viagem e Turismo, o Hopi Hari reserva surpresas aos seus visitantes. Localizado a 80 km de São Paulo, o parque é um país fictício, em que seus funcionários são os habitantes – com direito a idioma, bandeira, hino, costumes, capital e presidente. O Hopi Hari foi criado em novembro de 1999 e é dividido em cinco regiões: Kaminda Mundi, Mistieri, Infantasia, Aribabiba e Wild West. Entre os atrativos do parque estão a Montezum, maior montanha russa da América Latina e a 5ª maior do mundo, e a La Tour Eiffel, um elevador de 69,5 metros de altura, réplica da Torre Eiffel, com assentos que sobem a cinco metros por segundo. Os visitantes ficam parados por dois segundos na altura de um prédio de 23 andares e, depois, vivenciam uma queda que pode chegar a 94 Km/h. Um mundo de fantasias e com atrações para todas as idades.

  • Playcenter

Localizado na Marginal Tietê, em uma área de 85 mil m², o parque recebe cerca de 1 milhão de visitantes anualmente. Algumas atrações são consideradas clássicas como as montanhas russas Boomerang e Looping Star e o elevador Turbo Drop. O Playcenter também possui um espaço voltado especialmente para a criançada. São mais de 25 atrações, entre brinquedos tradicionais, como o Carrossel, o Dumbinho e o Trenzinho, miniaturas de atrações para adultos, como a Happy Mountain (uma mini montanha russa), Convoy Race (viagem divertida com um comboio de mini caminhões coloridos), Frog Hopper (gôndola que se movimenta para cima e para baixo, imitando um elevador), Mini Pista (o carrinho bate-bate para as crianças) e a Barca Pirata (uma mini barca viking), além de vários outros brinquedos. Há o Wave Swinger, também conhecido como chapéu mexicano, que deixa um friozinho na barriga inesquecível.

  • Wet’n Wild

Um dos maiores parques aquáticos temáticos do Brasil, o Wet´n Wild, foi inaugurado em 1998, às margens da Rodovia dos Bandeirantes, no Km 72, a apenas 30 minutos da capital. O parque ocupa uma área de 160 mil m² e conta com 7 milhões de litros de água tratada e reciclada e 22 atrações para todas as idades, em um belíssima espaço com lago natural e mata nativa. Entre as atrações está o Wave Lagoon, que – programado por computador – simula dezoito tipos de ondas diferentes, numa área de 2.420 m². Elas alcançam até 1,20 metros de altura, dando a impressão de um banho de mar de verdade, com uma profundidade que varia do raso até 2,5 metros.

Serviço

Hopi Hari

Site: http://www.hopihari.com.br/home/

Playcenter

Site: http://www.playcenter.com.br/

Wet’n Wild

Site: http://www.wetnwild.com.br/

O Paciente Inglês


Um homem com o corpo todo queimado, devido a um acidente aéreo, e suas lembranças surgem em um hospital, no fim da Segunda Guerra Mundial. O paciente inglês (Ralph Fiennes), como ficou conhecido, recebe os cuidados da enfermeira canadense Hana (Juliette Binoche). Gradativamente, em flashbacks, ele rememora o relacionamento que teve com a esposa do seu melhor amigo. Ao mesmo tempo em que algumas lembranças surgem, outras memórias parecem não voltar, como se ele quisesse que tais fatos continuassem no esquecimento.

Direção: Anthony Minghella

Ano: 1996

País: Inglaterra

Duração: 162 min.

 

Vamos construir…

Na hora de construir ou reformar uma casa, poucos se preocupam com os impactos causados pelas obras. Segundo dados da Sociedade de Pesquisa sobre Materiais Industriais Renováveis, a edificação de 1,7 milhões de casas em estruturas tradicionais – de madeira, aço e concreto – consome a mesma quantidade de energia que o aquecimento e refrigeração de 10 milhões de casas por ano. Por isso, na hora de construir, devemos nos atentar a diversos fatores, como tratar os resíduos, evitar o desperdício de materiais, selecionar com cuidado os fornecedores, verificar a origem dos produtos comprados e descartar adequadamente o entulho gerado. Outra dica é o uso de ecoprodutos, que podem substituir eventuais artigos que causam impactos ao meio ambiente. Entre os exemplos, podemos indicar tijolos ecológicos, produzidos em cimento prensado sem queima, placas e telhas ecologicamente corretos e 100% recicláveis e madeiras de demolição ou com certificação de origem. É importante acentuar que sustentabilidade deve ser a palavra de ordem em todo o processo de construção, não apenas na compra de materiais isolados.

Atualmente, existem diversas opções de materiais naturais que substituem, sem transtornos, os industrializados. Pode soar estranho, porém substituir os tijolos tradicionais por pedras pode ser uma boa opção na hora de construir. Paredes de pedras são trabalhosas de se fazer, porém, apresentam uma eficiente massa térmica, que absorve a temperatura externa, conservando-a no interior da residência, além de serem muito duráveis. Outros materiais que podem substituir os blocos são palha, bambu, tocos de madeira, terra socada, adobe – mistura de argila, areia, água e, às vezes, palha –, entre outros.

Na hora do acabamento, reaproveitar deve ser a diretriz. Se for possível, instale um sistema de energia solar, que permite que você economize na conta de energia elétrica, utilizando uma fonte renovável. Apesar da instalação desse tipo de sistema ainda ser relativamente cara, é um investimento que renderá tanto para você quanto para o planeta. Outra forma de reaproveitamento da luminosidade do sol são as claraboias. Com elas, é possível economizar energia aproveitando a claridade do dia. Banheiros, corredores e lavanderias são espaços ideais para este tipo de abertura.

O reaproveitamento da água também precisa estar entre as preocupações na hora de construir. Utilizar a água da chuva é uma excelente opção. A criação de um sistema para captação, filtragem e armazenamento de água não é algo caro e nem difícil de fazer. Apesar de não ser adequada para beber, cozinhar e tomar banho, a água da chuva pode ser usada na limpeza da residência, lavagem de calçadas, carros e roupas e até para regar canteiros e jardins.

Na hora de calcular os custos de uma obra, calcule também os impactos que ela pode causar. Assim, você economiza o seu dinheiro e minimiza suas marcas no planeta.

 

Campinas: a metrópole do interior

Fotos: Rubens Chir – Governo do Estado

Após as festividades de fim de ano, a maioria das pessoas só quer sossego.  Muitos procuram como destino pós-festas cidadezinhas interioranas para relaxar. Mas há também aqueles que não aguentam ficar longe da vida agitada das metrópoles. Caso você queira aliar as duas opções, uma excelente dica é a cidade de Campinas. Localizada a 96 quilômetros da Capital, em Campinas você pode curtir a tranquilidade e a natureza no Bosque dos Jequitibás, um passeio de Maria Fumaça e contar com toda a infraestrutura das grandes cidades, com aeroporto internacional, shoppings, hotéis e universidades. A cidade também é famosa no cenário cultural por ser a terra natal de Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani, baseada no romance homônimo de José de Alencar. Para homenagear o filho famoso, Campinas conta com um museu, que possui objetos pessoais, peças diversas, o piano e instrumentos do compositor.

  • Pertinho da natureza

Entre as opções de lazer oferecidas pela cidade estão os passeios pelos parques. O principal é o Portugal, que conta com atrações como a lagoa Taquaral, o planetário, o Museu Dinâmico de Ciências, quadras esportivas, pista de cooper, kartódromo e passeio de bonde. O parque também abriga a Concha Acústica – Auditório Beethoven, com capacidade para 2000 pessoas, o relógio solar, o Centro de Vivência dos Idosos, a Esplanada das Bandeiras e o Ginásio de Esportes Jordano Ribeiro.

Outra dica é o Bosque Jequitibás que preserva mata natural em meio ao perímetro urbano de Campinas. O turista encontrará um mini-zoológico, o Museu de História Natural e o aquário. O museu desenvolve programas de educação ambiental que difundem informações e promovem a conscientização para preservação da fauna e flora. A atração é bastante procurada e recebe cerca de 100 mil visitantes por ano.

Uma visita pelo Parque Ecológico, localizado em uma área de 110 hectares da antiga Fazenda Mato Dentro, não pode deixar de fazer parte do seu roteiro. Ali, você pode visitar o Museu Histórico Ambiental, relaxar nas áreas para piquenique, se exercitar nas quadras poliesportivas, pista de cooper e trilhas para passeios e caminhadas.

  • No túnel do tempo

Um passeio obrigatório – e que as crianças vão adorar – é a viagem de Maria Fumaça entre os municípios de Campinas e Jaguariúna. A viagem completa dura cerca de três horas. A sensação de volta ao passado começa na plataforma de embarque, quando se pode ouvir o apito e avistar a fumaça do trem chegando. Os antigos vagões de madeira são puxados por uma locomotiva a vapor em uma autêntica ferrovia do século 19.

Durante o percurso, monitores especializados contam a história das ferrovias, das locomotivas e do café. É feita uma breve parada no Museu das Máquinas, instalado na estação Carlos Gomes, onde está exposto o primeiro aparelho telefônico do Brasil, testado pelo imperador Dom Pedro II.

Se durante a viagem, você sentir fome, dê uma passada no vagão restaurante. Ali você pode tomar um refrigerante acompanhado por lanches feitos na própria cozinha do trem.

Outros patrimônios históricos que você deve conhecer em Campinas são a Catedral Metropolitana e o Jóquei Clube. Dedicada à Nossa Senhora da Conceição, a catedral foi inaugurada em 1883 e construída em taipa de pilão, com o interior repleto de trabalhos talhados em madeira. Já o prédio do Jóquei possui fachadas e decorações inspiradas nos palacetes franceses do final do século XVIII. Foi tombado como patrimônio histórico em 1994.

  • Olhos no céu

Outro passeio que divertirá a garotada é uma visita ao observatório municipal. As crianças vão se deliciar ao visualizar os planetas, o céu, a lua e até suas crateras através do telescópio. O observatório fica em uma área da zona rural a 32 quilômetros do centro de Campinas, por isso antes de botar o pé na estrada, observe alguns cuidados como as condições do tempo e do veículo – você vai ter que encarar cinco quilômetros de estrada de terra e não há posto do combustível próximo. As visitas podem ser feitas aos domingos das 17h às 21h – não há limite de idade.

  • Não deixe de visitar

Inclua em seu roteiro passeios pela Escola de Cadetes e pela Torre do Castelo. O primeiro é um prédio imponente cercado de muito verde, com amplos espaços e torres que se destacam na paisagem urbana. Entre outras atrações, está uma biblioteca aberta ao público com mais de 12 mil livros. Já a Torre do Castelo, que antes era chamada de “Castelo D’água”, foi construída para abastecer os bairros que se formavam na região norte da cidade. A torre de 27 metros de altura foi erguida em um ponto estratégico para o desenvolvimento urbano. De lá, é possível ver toda a cidade.

  • Como chegar

É possível chegar por três rodovias: Bandeirantes, que liga Campinas a São Paulo; Anhanguera, que também faz a ligação entre as 2 cidades, ao interior do estado e à região Centro-Oeste; e Dom Pedro I, que liga Campinas à região do Vale do Paraíba e ao leste do País.

O leitor

Foto: Felipe Godoy

Para um jornalista o feedback, ou seja, o retorno que ele tem do seu público, é fundamental. Para um estudante então, nem se fala. Por possuir características comunitária o Cidadão, jornal-laboratório dos estudantes de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, tem como público-alvo as comunidades onde os campi da instituição estão inseridos. Por isso, o jornal de maio de 2009 tratou na matéria principal os 387 anos da Capela de São Miguel Arcanjo, importante patrimônio do bairro de São Miguel Paulista. Algum tempo após a publicação da edição, a equipe foi surpreendida com uma carta de 12 páginas datilografadas pelo aposentado Jesuíno Braga, antigo morador da região. Depois de receber um exemplar da publicação, ele descreveu aos estudantes seu interesse em pesquisar sobre o bairro e criticou alguns pontos mencionados na reportagem.

A relação de Jesuíno Braga com o bairro se resume em uma jornada de amor e revolta. Ele nasceu em São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo. Após a Revolução de 1930, chegou em São Miguel, com apenas quatro anos. Na época, seu tio, Paulo Braga, comprou uma draga para retirar areia do rio Tietê e enviar para o centro da capital paulista, que crescia com a industrialização. Para isso, precisou de ajuda dos familiares para cuidar dos negócios. Com o tempo, Jesuíno tornou-se um apaixonado defensor pelo bairro em que reside. Durante anos morou com a família atrás da capela, até ser desapropriado pela prefeitura. “Fiquei dez anos fora de São Miguel, mas não aguentei e voltei”, recorda. “Sou bairrista, então qualquer coisa que tem de errado por aí eu brigo e dou parte. Não faço amizade com político e nem puxo o saco de ninguém, mas tudo o que vejo de errado denuncio. Como cidadão acho que tenho direito”, completa. Foi esse bairrismo que o incentivou a escrever aos estudantes: “Apenas achei que o que escreveram não estava de acordo com o que aprendi.”

Braga pode ser considerado um historiador. Possui diversas pastas com recortes de jornais, cópias de livros, documentos e fotos que registram a história de São Miguel. Sua casa é antiga, provavelmente foi construída entre os anos 1950/60. Nas paredes, quadros com imagens da capela e no canto da sala uma peça esculpida de madeira do padroeiro São Miguel Arcanjo, feita por ele mesmo. São várias esculturas de madeira que decoram sua residência, todas produzidas por ele na pequena marcenaria que fica no fundo do quintal. Aliás, é neste espaço, que guarda a “sete chaves” uma pequena réplica da capela que fez em homenagem ao bairro. “Emprestei a maquete para um shopping expor e eles me devolveram toda quebrada”, lamenta. Na copa, uma imponente estante de madeira atrai a atenção. “Esse móvel era da minha professorinha. Quando ela morreu fiquei sabendo que seus familiares estavam vendendo tudo. Fui lá, mas já era tarde, só tinha sobrado isso”, explica.

Polêmico, Jesuíno já abriu diversos processos na Justiça contra os atuais responsáveis pela igreja dedicada ao arcanjo Miguel. Inclusive, utilizou a fotografia da capela publicada no jornal Cidadão em uma dessas ações judiciais. Em um dos processos conseguiu que fossem plantados pés de jacarandás no lugar dos que foram retirados da Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, devido reformas. Até o nome da praça já foi alvo de uma de suas ações. Revoltado com o uso da denominação Praça do Forró – apelido que o espaço recebeu em homenagem aos migrantes nordestinos que se reuniam no local – pelos perueiros da região, abriu um processo contra a prefeitura. “O nome da praça é de um religioso que dedicou 23 anos de sua vida à essa comunidade, não deve ser desrespeitado assim”, afirma.

Falar sobre a história de São Miguel Paulista não é nada complicado para Jesuíno Braga. Ele conta tudo com detalhes, sabe de cor datas e nomes de pessoas que ajudaram no desenvolvimento da região. Ressalta com alegria a força e coragem dos índios guaianases, que não fugiram do Pátio do Colégio, como foi mencionado no jornal Cidadão, mas saíram revoltados com os brancos que queriam escravizá-los. “Os índios perceberam que os portugueses queriam mandar neles, e índio só recebe ordem do cacique. Revoltados, foram falar com o cacique Piquerobi que iam voltar para Ururaí – antigo nome do bairro –, mesmo se ele não quisesse”, diz. O êxodo de parte da tribo para a região deu origem ao atual bairro de São Miguel Paulista. Jesuíno ainda lembra que a relação dos índios com os brancos em outros tempos era boa. Tanto que o Piquerobi, líder dos guaianases, deu sua filha Antônia em casamento para João Ramalho, que Braga define como tronco da família dos paulistas.

Essas são apenas algumas das lembranças de Jesuíno Braga, o homem que se tornou um guardião da memória de São Miguel Paulista. Na carta, que escreveu à equipe do Cidadão, expôs, com respeito, algumas dessas recordações. “Queridos alunos de jornalismo da Unicsul, parabéns por lembrar a história do meu querido bairro. Tenho muito a contar. Estou cansado e cansando vocês, vou parar. A história de São Miguel é fascinante e cheia de dores e desrespeito aos nossos antepassados guaianases e contemporâneos”, finaliza o documento.

Muito além do meio ambiente…


Ao falarmos de sustentabilidade, é comum pensarmos em temas relacionados ao meio ambiente, porém, o conceito estende-se muito além das temáticas ambientais. Na economia, a sustentabilidade é definida como a capacidade de produção, distribuição e utilização equitativa das riquezas produzidas pelo homem. No âmbito econômico, medir as consequências das transações é fundamental. Atualmente, o mercado valoriza organizações que adotam uma gestão que visa, além do lucro, garantir sua sobrevivência e crescimento em longo prazo, de modo que suas atitudes não prejudiquem tanto do viés econômico quanto social e ambiental. Essa ideia permitiu que alguns mercados se segmentassem como é o caso do setor de energia, com o surgimento de fontes renováveis. O investimento ético e sustentável é um agente motivador no mercado SRI (Social Responsibility Initiative), conceito que está profundamente ligado à responsabilidade social das organizações. Sendo assim, é importante que as estratégias econômicas, sociais e sustentáveis da empresa caminhem unidas, tornando-se apenas uma. Uma das vantagens adquiridas pelas organizações que adotam esse conceito é a valorização de sua imagem diante do público-alvo e, também, no mercado do qual elas pertencem. É importante salientar que a sustentabilidade econômica vai muito além do que uma concepção utópica e ideológica. Ela objetiva iniciativas que avaliam a qualidade, o valor e os impactos consequentes.

Giovanni Guido Cerri assume Secretaria da Saúde

Divulgação

Com a proposta de formalizar parcerias, regionalizar ainda mais a saúde e combater as drogas, principalmente o consumo de álcool pelos jovens, o novo secretário de Estado da Saúde de São Paulo, professor Giovanni Guido Cerri, tomou posse oficialmente no cargo nesta terça, 4, em substituição ao médico Nilson Ferraz Paschoa, seu antecessor.

Para Guido Cerri, novas parcerias serão uma das prioridades em sua gestão. Uma delas será com a Secretaria de Estado da Educação, que visa combater o consumo de álcool entre os jovens, além de outras campanhas preventivas, como no caso da dengue. “Pretendemos fazer um cruzada contra as drogas, principalmente com o álcool, que é vetor de doenças e violência de várias naturezas, principalmente entre os jovens. Por isso é importante estarmos na escola, atuantes, fortalecendo a educação e a promoção de saúde”, afirmou Guido Cerri.

Estreitar a relação com as secretarias municipais de Saúde e o Ministério da Saúde para que a saúde pública seja distribuída regionalmente de maneira uniforme também está entre as suas metas. A organização física e a informatização, segundo Guido Cerri, farão com que os equipamentos de saúde sejam usados de maneira plena.

Guido Cerri também pretende reorganizar a referência e a contrarreferência no Sistema Único de Saúde (SUS), com fluxos bem definidos entre os serviços, para que haja racionalidade no atendimento aos pacientes. O secretário também ressaltou a importância da humanização do atendimento nos hospitais e ambulatórios estaduais, como forma de melhor acolher e orientar os cidadãos e seus familiares.

Perfil

Giovanni Guido Cerri é médico radiologista e professor titular da Faculdade de Medicina da USP. Nasceu em Milão, na Itália, em 9 de outubro de 1953. Criado na capital paulista, formou-se médico pela FMUSP em 1976.

Na Faculdade de Medicina da USP iniciou seu trabalho como professor em 1979. Fez doutorado e livre-docência, e tornou-se professor titular em 1996. Foi diretor clínico do Hospital das Clínicas da FMUSP de 1999 a 2002 e dirigiu a Faculdade de Medicina da USP entre 2002 e 2006. Entre 2008 e 2010 dirigiu o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo “Octavio Frias de Oliveira” e presidiu os conselhos diretores do Icesp e do Instituto de Radiologia (InRad/HCFMUSP).

O secretário também é membro do Conselho de Administração do Hospital Sírio Libanês, do Conselho Consultivo das Fundações Faculdade de Medicina e Zerbini, e do Conselho Fiscal da Associação Médica Brasileira (ABM). Até 2009 presidiu a World Federation in Ultrasound in Medicine and Biology.

Giovanni Cerri é autor de mais de 200 trabalhos publicados em revistas científicas nacionais e estrangeiras. Escreveu mais de 50 artigos veiculados em meios de comunicação, tem 22 livros publicados e mais de 30 prêmios conquistados, incluindo o Prêmio LAFI de Ciências Médicas (1984). Em 2010 ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura na área de Ciências.

 

Reine Sobre Mim

Reprodução

Certo dia, o dentista Alan Johnson (Don Cheadle) avista o amigo Charlie Fineman (Adam Sandler). A única coisa que Alan sabe a respeito de Charlie é que ele perdeu sua esposa e filhas no atentado terrorista de 11 de setembro. Alan, por sua vez, sente-se sobrecarregado por sua família e pelas inúmeras responsabilidades profissionais.

Quando finalmente se encontram, Charlie não se recorda do amigo, muito menos de sua própria história. Aos poucos, Alan penetra na vida de Charlie e descobre um mundo paralelo que o amigo criou para esquecer do passado. Determinado em ajudá-lo, Alan vai em busca de soluções para o trauma de Charlie, e encontra na loucura do amigo respostas que mudam sua própria vida. O reencontro oportuno se transforma em uma corda salva-vidas para ambos.

Direção: Mike Binder

País: EUA

Ano: 2007

Duração: 124 min.

15% das mulheres com câncer de mama têm até 45 anos

Engana-se quem pensa que apenas mulheres de meia idade ou idosas estão sujeitas a desenvolver o câncer de mama, a segunda principal causa de morte entre as mulheres brasileiras. Embora a idade seja um fator de risco importante para este tipo de neoplasia maligna, mulheres jovens também estão sujeitas a apresentar a doença.

Um levantamento do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP, mostra que, das 2.573 pacientes com câncer de mama tratadas na unidade, 380 mulheres (15%) têm até 45 anos.

O estudo mostra que, do total de pacientes, 45% são ativas economicamente, 54% são casadas e 55% possuem baixa escolaridade, das quais 32% são analfabetas e 23% cursaram até o 1º grau. As pacientes são atendidas no Icesp gratuitamente, pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Com relação à ocupação, 25% estão desempregadas e 6% são aposentadas. Além disso, apenas 10% cursaram o segundo grau e 7,3% chegaram a cursar o ensino superior. De maneira geral, as pacientes possuem mais de 60 anos (47%). Do total, 47% são casadas, 40% são aposentadas e 41% cursaram até o 1º grau.

Além da idade, são considerados fatores de risco para desenvolvimento de câncer de mama o histórico familiar – especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmã) foram acometidas pela doença -, obesidade, sedentarismo, nuliparidade (não ter filhos), menopausa tardia (após os 50 anos), tabagismo e etilismo.

“Diagnóstico e detecção precoce ainda são as maiores armas contra o câncer de mama. Se, por um lado, a indicação para realização das mamografias anualmente seja a partir dos 50 anos, por outro indica-se, para mulheres de qualquer idade com histórico familiar da doença ou que tiveram câncer no ovário, que o exame seja realizado pela primeira vez aos 35, se repita aos 40 e a partir de então seja feito rotineiramente.”, afirma José Roberto Filassi, coordenador do setor de mastologia do Icesp.

 

À espera por um órgão

Colaboração: Ana Paula Gomes, Marília Lino e Silvia Gonçalves

O motorista João Honorato de Carvalho morreu em janeiro de 2001, após ficar mais de dois anos na fila de espera por um rim. Sua esposa, a pensionista de 60 anos Sebastiana Félix de Carvalho falou sobre o caso. Durante a conversa, as lágrimas rolavam no rosto da viúva. Hoje, como consequência da morte do esposo, ela é depressiva e, semanalmente, faz tratamento psicológico.

Carioca, extrovertido e brincalhão, porém, genioso, esse era Carvalho. O motorista, hipertenso e anêmico, tinha aversão a médicos e não se tratou como deveria. Somente quando sua situação agravou e não aguentava mais subir escadas, se rendeu e marcou uma consulta. O médico pediu catorze exames, urgentemente, já no quinto foi diagnosticado o problema renal. Como sou do interior, não tinha muito conhecimento sobre doenças, não pensava que o problema renal fosse tão grave, pensava que ele tinha cirrose, porque ele bebia muito. Ele ficava inchado e com uma palidez escura”, recorda a esposa.

Foto: Felipe Godoy

Recordações: pelas fotos, Sebastiana ainda lembra do marido

Carvalho começou a se tratar com o nefrologista, médico especializado em rins, e após um tempo a fazer sessões de hemodiálise purificação do sangue realizada por um aparelho especial que funciona como um rim artificial. A filha do casal saiu do trabalho para ajudá-los. Enquanto a avó olhava o neto, ela acompanhava o pai no hospital, que ficava quatro horas na máquina de hemodiálise, três vezes por semana. Além disso, o paciente tinha que cumprir uma dieta rigorosa, formada por alimentos leves, como carne branca e legumes, e até o líquido era controlado, apenas meio copo diariamente. No entanto, devido a grande quantidade de remédios, o motorista acabava tomando mais líquido do que o permitido.

Sebastiana descobriu que era compatível e poderia doar o rim ao cônjuge, porém, quando ela realizava o penúltimo exame, Carvalho desistiu da operação, decidindo continuar na fila de espera. Segundo a esposa essa decisão foi tomada por medo, pois João tinha um amigo que recebeu o rim do irmão e depois de um ano morreu. Vá que eu tenha rejeição. Não vai dar para tirar o rim de mim e colocar de volta em você. E você, vai ficar só com um rim?”, comentava ele na época à mulher. Entretanto, não deu para esperar. Certo dia ele começou a passar mal, pegou o automóvel, não permitiu que ninguém assumisse o volante e foi dirigindo com a cabeça para fora do carro até o hospital, juntamente com a esposa e o filho. Foi a última vez que o motorista conduziu um veículo.

Ao contrário de Carvalho, muitos brasileiros tiveram a oportunidade de receber um órgão. Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, a ABTO, mostram que a taxa de doadores efetivos no terceiro trimestre de 2010, atingiu 10 doadores por milhão de população (pmp). Houve um aumento nas taxas de transplante pulmonar (17%), renal (8%), hepático (6%) e de córnea (2%) . Com relação ao transplante renal, São Paulo apresenta a maior taxa de doadores, 49,7 pmp.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Transplantes, 63.866 pessoas estavam na fila de espera por um órgão no Brasil em 2009. Quase um quinto deste total aguardava em São Paulo. Atualmente, o programa público de transplante de órgãos e tecidos brasileiro é um dos maiores do mundo. O país conta 548 estabelecimentos de saúde credenciados, 1.376 equipes médicas autorizadas e 25 Centrais de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO).

Todos os órgãos e tecidos adquiridos de um doador morto são distribuídos segundo o sistema de lista única, organizado pela Secretaria da Saúde de cada estado. Quando o órgão é captado, a CNCDO verifica se há um receptor na região, não havendo, o órgão é disponibilizado na fila nacional. Logo que um paciente é incluso na fila, ele recebe um comprovante expedido pela CNCDO e os critérios de distribuição do órgão ou tecido que ele precisa.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Ben-Hur Ferraz Neto, o número de pessoas na lista de espera por um órgão no Brasil é grande para a quantidade de doadores, contudo a situação está mudando. A gente tem tido um aumento importante na doação de órgãos no Brasil, especialmente no estado de São Paulo. (…) No entanto, a gente precisa andar bastante. Precisa progredir muito nisso. Têm estados no país que a doação ainda é muito baixa, disse o médico. Ele ainda explica que a fila sempre é respeitada, porém existem critérios de gravidade para cada órgão. Existem critérios de compatibilidade de rins, critérios de gravidade no fígado e no coração. Esses critérios de gravidade quando são contemplados, colocam essa pessoa em prioridade, no primeiro lugar da fila. Mas são critérios transparentes, claros, baseados em exames. Nada é subjetivo. Tudo é objetivo. E esses critérios permitem que algum paciente seja transplantado antes do outro. (…) Outros pacientes têm um critério que chama MELD  usado como critério no transplante de fígado , esse critério é de gravidade. Dentro de determinados exames, há posições na lista. Mas isso é baseado no que é importante, em critérios absolutamente transparentes e controlados pela Secretaria de Saúde de cada estado. Então, ninguém passa na frente de ninguém, conclui.

Foto: Ana Paula Gomes

Ben-Hur Ferraz Neto: a gente tem tido um aumento importante na doação de órgãos no Brasil, especialmente no estado de São Paulo”

Em outubro de 2009, o Ministério da Saúde anunciou a criação de um sistema informatizado, permitindo maior transparência na lista de espera. Neste banco de dados, os prontuários estarão sempre atualizados e os pacientes poderão consultar sua posição na lista.

A maior parte dos pacientes que aguardava por um órgão em 2009 esperava por um rim (34.640). A busca por córneas vem em segundo lugar, com 23.756 candidatos, seguida por fígado (4.304), rim e pâncreas conjugados (576), coração (305), pulmão (161) e pâncreas (124).

Em um momento durante a entrevista na casa de Sebastiana, ela se levantou e foi buscar o último cartão de natal que recebeu do marido. Nele, dizia o seguinte: Sempre que dividimos, ganhamos; Sempre que trocamos, ganhamos; Sempre que somamos, ganhamos; Neste natal, desejo dividir, trocar, somar com vocês minhas alegrias, meus sonhos, minha fé e meu amor. Só assim diminuirão a saudade e a solidão”.

Dividir, trocar e somar, ações realizadas por quem doa seus órgãos. Talvez se mais pessoas doassem muitos “Joãos seriam salvos. Não esqueça, para ser um doador basta avisar à sua família do seu desejo e lembre-se que alguns órgãos podem ser doados em vida.

Feliz 2011