Fotos: Felipe Godoy
Carlos diante das barracas que montou para a Festa Junina do Jd. Romano.
Os estabelecimentos comerciais do Jardim Romano, bairro localizado no extremo leste da capital paulista, foram os locais escolhidos para a fixação dos convites. “Estaremos realizando um maravilhosa Festa Junina, venha se divertir de montão com seus amigos”, diz o escrito nos cartazes.
A ideia da festa surgiu de Carlos Barros da Silva, presidente do Grupo de Escoteiros Nova Aliança, que atua na região e no município de Itaquaquecetuba, próximo ao bairro. “Quis fazer alguma coisa e lancei a ideia. Daí as pessoas começaram a me procurar querendo montar barraca e ajudar”, afirma. E Carlos não fica apenas na organização, pelo contrário, o escoteiro de 58 anos põe a mão na massa. Quando foi procurado pela nossa reportagem estava montando as barracas para a festa, que aconteceu no último sábado (25/6), na rua Capachós. A via ficou conhecida por se tornar o símbolo da destruição causada pelas enchentes no bairro, entre dezembro de 2009 e março de 2010.
Carlos é pernambucano e desde os 12 anos escoteiro. “Devo muito ao escotismo”, afirma. Aposentado – “por tempo de serviço”, frisa –, organizou a festa junina no Jardim Romano com o objetivo de atrair a criançada e unir a comunidade. A busca pelo bem comum é algo que corre nas veias de Carlos. Há 25 anos sob o comando do Nova Aliança, já realizou diversas atividades culturais, educacionais e de lazer, muitas delas exibidas em um painel, alocado em um pequeno escritório. Além disso, ostenta as pastas em que guarda recortes de jornais e certificados de vários cursos. Questionado sobre sua história de vida, confessa: “minha história é grande. Inclusive, estou até escrevendo um livro sobre ela”.
O escotismo foi criado na Inglaterra, em 1907, por Robert Baden-Powell. O objetivo do movimento é desenvolver no jovem valores essenciais para o seu crescimento e para a sociedade como a fraternidade, a lealdade, o altruísmo, a responsabilidade, o respeito e a disciplina. “Levamos cidadania e valores que irão acompanhá-los em toda sua vida.” Já são mais de 28 milhões de escoteiros associados em todo planeta. Carlos já perdeu as contas de quantos desses jovens passaram por suas mãos. “Só no Parque Ecológico de Itaquá foram mais de 500. Atualmente são uns 30”, tenta calcular. “Não ensinamos com o giz. Nosso método é o de aprender na prática”, explica. De acordo com ele, o trabalho é realizado tendo como base o tripé físico, mental e espiritual. “Nosso objetivo principal é formar uma grande família.”
No currículo de Carlos está gravado a luta por muitas causas sociais. Uma delas é o movimento Pró-estação Jardim Romano, que por muitos anos buscou a construção de uma parada ferroviária no bairro. “Dê uma olhada neste jornal (datado de setembro de 1987), veja quanto tempo lutamos por isso”. A estação foi inaugurada em 2008. No horizonte de Carlos ainda tem vários projetos a serem concretizados, como o campeonato de pipas. “Utilizamos os jogos para melhorar o rendimento escolar do jovem”.
As bandeirolas, os brinquedos, as barracas com comidas típicas, a quadrilha, entre outros elementos que fizeram parte dos festejos juninos no Jardim Romano, são conquistas de Carlos para toda comunidade. O que mostra que ele segue à risca o lema “Sempre Alerta” dos escoteiros, que representa a necessidade de você estar constantemente pronto para cumprir com o seu dever: ajudar. “O que me tornou um cidadão ativo foi o escotismo”, conclui.
Moradores auxiliam na organização da festa.
Veja essa reportagem e fotos da festa junina do Jardim Romano nos portais de notícias São Miguel Paulista e Itaim Paulista.