Ensaio Sobre a Cegueira

À espera de que o sinal vermelho transforme-se em verde, repentinamente, tudo fica branco. O motorista é o primeiro caso de uma cegueira desconhecida, incurável e epidêmica. A cegueira branca, como um mar de leite, espalha-se incontrolavelmente. Diante da situação, o governo é resoluto e coloca em quarentena os infectados e aqueles que tiveram contato com eles. Com recursos limitados, instalados em um manicômio desativado, aos poucos, as características mais primitivas do ser humano são desvendadas. A “treva branca” torna a Terra num mundo cego e de cegos, em que apenas uma mulher, esposa de um oftamologista, mantém, misteriosamente, a visão. Ela é obrigada a presenciar visualmente os sentimentos, tanto bons como ruins, narrados na obra; metamorfoseados em lutas pela comida, compaixão pelos necessitados, violência, abuso sexual, mortes… Quando finalmente conseguem sair da quarentena, os cegos se deparam com uma sociedade devastada, com ruas pavimentadas por detritos, lixo e cadáveres e em que os sobreviventes tornaram-se nômades, sempre em busca de abrigo e comida.

Brilhantemente, José Saramago, Nobel de Literatura, desperta em cada leitor experiências únicas, obrigando-os à parar, fechar os olhos e ver. Ele não faz distinção de personagens pelos nomes, mas sim por características e particularidades. Entre os personagens principais estão o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, o médico, a mulher do médico (que vê), a rapariga dos óculos escuros, o velho com a venda no olho, o rapazinho estrábico e o cão das lágrimas. Em Ensaio Sobre A Cegueira, Saramago faz um excelente casamento entre a literatura e a sabedoria.

Autor: José Saramago

Ano: 1995

Páginas: 312

Editora: Companhia das Letras

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